sábado, 28 de fevereiro de 2009

Complexo de inferioridade nas estatais mineiras


Necessidade de propagandearem que são as melhores do Brasil, esconde, na realidade, um baita complexo de inferioridade.

É só ligar a TV e o rádio que num instante aparecem as propagandas chapas-brancas que instituem a administração pública mineira, sobretudo das estatais, como, nada mais, nada menos que as melhores do Brasil.

Primeiro foi a estatal mineira de energia que se auto-proclamou como a “melhor energia do Brasil”, mas logo, a estatal de saneamento não quis ficar para trás e arranjou um jeito de oficializar-se nas suas propagandas como a “melhor empresa pública do Brasil”com base no título obtido através de uma revista.

“A Revista “Isto É Dinheiro” premiou a Copasa como a melhor companhia do setor de prestação de serviços de utilidade pública no ano de 2004, 2005 e 2006 (http://www.mzweb.com.br/copasa/web/conteudo_pt.asp?idioma=0&tipo=19726&conta=28)



Como, através da propaganda pode-se apregoar de tudo, bastando para isto comprar espaço publicitário na mídia, no apagar das luzes, a última gestão pública da capital mineira percebendo que ninguém questionou o feito propagandista das estatais, foi logo se intitulando simplesmente como a “melhor capital do Brasil” (na verdade, tirando o excelente clima, não sobressaímos em nada frente às outras capitais brasileiras).

O perigo é que de tanto acharmos que somos “os melhores”, vamos acabar inchando ainda mais o caricatural ego da nossa “mineirice”. Pior, diante da necessidade de entronizarmos o nosso governador como presidente do Brasil, se continuar com esta paranóia, estaremos bem perto da autoproclamação de que nossas qualidades e defeitos são melhores que os da, “paulistice”, “carioquisse”, acima, também, da “nordestinidade” e da “sulinidade”. Ou seja, corremos o risco de passarmos por ridículos!

Na realidade, a recorrente necessidade de afirmação da condição de “melhor” esconde, inconscientemente, uma percepção de que nós mineiros, de alguma forma, temos alguma inferioridade perante os outros, mas não queremos fazer disto uma desvantagem no contexto político nacional. Então, supervalorizamos as jóias da coroa (CEMIG e COPASA neste caso), mesmo que sabendo que estas empresas não atendem plenamente todo o estado de Minas Gerais.

Pergunte aos empresários se existe disponibilidade de energia no sul de Minas para grandes expansões industriais. Na grande BH é comum bairros inteiros ficarem sem energia por vários dias após as tempestades. A notória falta de saneamento em Minas é, na realidade, um dos grandes entraves à saúde e à melhor qualidade de vida dos mineiros.

Um bom exemplo da inutilidade desta propaganda de “melhor” é o caso da ex-Telemig que também se vangloriava de ser a empresa de telecomunicações melhor administrada do Brasil (o atual presidente da Assembléia era um de seus diretores e o atual prefeito de BH um de seus maiores prestadores de serviços), ao passo que a Telerj, era jocosamente apelidada como "telerda" ou até “telemerda” por seus usuários devido ao péssimo serviço que prestava.

No entanto, após o advento da privatização, os cariocas ficaram com a sede da Oi (Telemar), que, do estado do Rio, comanda as operações em todo o Brasil.

Se isto vai acontecer com a CEMIG e COPASA ainda é cedo para especular, mas que nenhum ganho político é obtido na prática, com a autoproclamação de que a administração mineira é melhor que as outras, isto é certo, a não ser a revelação subliminar do nosso complexo de inferioridade!

Postado em 28-02-2009
heliocaled@gmail.com

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